19.8.08

Dos segundos.

Um certo poeta meio (ou diria meio poeta?), mas não por isso menos instigador, apareceu-me com a pergunta que não quer calar:
- Ô, menina, por quê não mais escreves, pelo menos não no último meio?
- Meio o quê, poeta meio?
- Meio ano, ora pois.

E sempre fui desse jeito, de tantas várias metades, caso então que fiquei a pensar e pensar, e não pela metade, mas digamos minutos inteiros.
E não é que faz mesmo, justamente meio ano, que as linhas se me resolveram ou não resolveram, sei lá, fato é que não mais vieram.
Decerto outros contratempos, inventos da modernidade, ou os arroubos da juventude, os amores pela cidade, a paixão que me consome... Vai saber.
Restou-me uma súbita vontade: escrever dos segundos.

Segundo, ao que me consta, é um termo absolutamente equívoco. Não que ele esteja errado, veja bem, apenas comporta várias análises,várias sombras ou um porquê bastante vário.
Segundo é aquela medida de tempo, basta dizer que é a mera pretensão humana (descabida, por óbvio) de fazer o tempo caber no pulso. Segundo também é aquele que vem depois, muito embora (ora!), o segundo não pare nunca.
Segundo também é o Filho, o arquiduque, o príncipe, aquele seu sucessor. Segundo é aquela palavra que explica o que você quis dizer, quando quer dar ênfase, quando quer buscar quem lhe apóie na explicação.
Segundo, meu filho, no fim das contas, pode ser o que você quiser que seja.

Aí você me pergunta por que eu quis falar disso.
O mais simples, o mais reiterado, o mais batido de todos os assuntos nossos de cada dia: O AMOR! Uma vez li algo bastante interessante, de uma criatura que dizia achar descabido só se falar do primeiro amor. E tinha razão. O primeiro amor tem seus encantos, mas e o segundo amor... não?

Pois contesto! Utilizo as palavras pretensamente direitas pra dizer contesto, contesto e contesto. Agravo e reitero que não tem o menor cabimento.
O Segundo amor é aquele que...

Pensemos.
[cenas do próximo capítulo]

Um comentário:

Thalita Castello Branco Fontenele disse...
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