3.12.09

e

Ele dizia que seria algo mais ou menos inusitado, e aí eu saberia que era a hora de chegar. De procurá-lo, de ir além. Foi assim no dia em que ele decidiu ir-se, além sabe deus pra onde, e disse que um dia eu iria junto. Mas porquê não naquele dia, eu acho que não vou descobrir, mas quem sabe.

Ele era assim dessas respostas sem pergunta, como aquele cara das borboletas do Caio, e por isso eu não perguntava: pra não estragar resposta alguma. Ou pelo menos era isso que ele me fazia acreditar. E no dia em que ele resolver ir-se, me pediu pra arrumar as malas. Pra prestar muita atenção nas suas roupas e seus lençóis. Não sei se com isso ele quis que eu percebesse todos os detalhes, pra que assim ele não se apagasse na memória (como se desse), ou apenas que eu sentisse a arrumação da coisa toda como um controlar da minha desordem.

E foi assim que eu arrumei as malas, os lençóis, as borboletas, os poemas e as esquinas daquele homem sem o qual eu nem imaginava como ia ser o resto. Dos dias, das coisas todas, sei lá. Desse jeito ele foi, prometendo não mundos e fundos, mas que daria um sinal, mais ou menos inusitado, e assim eu saberia.

27.4.09

do fernando

Em suma, é de tempo. De fato correr e correr parece ter sido uma obstinação a perseguir os povos, até então.

Correr para um quando, aquele Quando besta, que parece a meta dos séculos. Não sei qual minha meta dos séculos, talvez porque tenha admitido que não viverei séculos =] ou porque abandonei essas expectativas surreais. Ou talvez simplesmente em razão de respeitar o tempo, o senso, as razões de todo mundo, mundo todo, só assim.

E o tempo, enquanto isso, corre ainda. Colorido, esbaforido, e eu me fico.

Assim, em passant. Como quem sente, um pouco se mente, mas ainda é do fingidor que deveras, deveras se reinventa.

13.3.09

prosápia

Não, menino, né nada disso não. Tô falando daqueles que nunca entenderam, dos que não tentaram, dos que não quiseram.
Dos que não vão, não ficam, não são.
Alguma coisa assim que no dizer parece absurda masnapráticaexistemmilhões.
Se eu sou milhões?
Às vezes, sabe?, estou tentando me decidir.

Por que é que não tentam, não querem, não ousam?
Nunca vou entender é a mania da interferência velada. Todos metem, se metem, e na incongruência da coisa toda: não são.

5.3.09

da janela





Menino, que bobajada.
Uns correm, outros correm, outros continuam correndo. O dinheiro escondido, o tempo perdido, e a mulher se olha.
Andando, correndo, de pastas na mão, pitando sem pitaquear na própria existência (que bobajada!), a grande loucura, corrida, sentida, que não.

Que não, que não, que não – repetidamente e quanto mais sem sentido melhor.

É de dizer não ao não, por sempre, por nós. Sobretudo vendo isso, o escondido, o perdido, o poisnão.

Não ao não, e tenho dito.

4.3.09

e de novo

Tentar, tentar e tentar, tentar até mais não poder. E quando chegar o mais, dizer um logo, até logo, ´té mais ver, adeus muchachos e muito bem (!)

É só tentando que se vai ao longe. Mesmo se ao longe não queira ir, antes insisto que me decaio, cair e cair não tenho tempo, nem paciência, nem sensação.
Canso de cansar, de fato, prefiro precisando do movimento, assim sem tempo, urbano-sendo, sei lá de mim.

Às vezes sei, mas fico enrolando. Ao que desenrolo, penso que fico, penso que sim.

É sim: acordar para um dia outro.

27.2.09

urbanóides

Os dias

os dias

os dias:

as horas -

senhoras da espera
dessa não-razão.

do sim, do não,
de ti

Sentir

nos dias, nas horas

nas mãos.

23.1.09

I won´t dance: don´t ask me.

[Ella & Louis - i won´t dance =]

Sabia que gostaria dele. Antes mesmo de conhecê-lo, até. Diria talvez uma intuição, ou quem sabe uma interpretação de lembrança antiga, com um toque de ressignificação.
Ora, teorizo, mais uma vez. Me conheces muito bem para saber-me pronominal e teorética, apesar de tão absurdamente apaixonável.
Adjetiva, aliterante, qualquer coisa assim com muitos as e emes, eles, o de sempre.

Fato é, querido amigo, que um dia chegaria.
E à noite, por certo, onde todos os gatos são pardos. Não neguemos que é um belo exemplar felino, como não? Sutil, cínico, irônico, belíssimo, e daqueles que preferem as surdinas, as noites, as saídas á francesa.

Pois é chegado, como te digo. Te espantas? Aposto que não. Capaz mesmo de estares a esperar esta carta há semanas, como quem pressente.
Ele, como eu, gosta muito de suspenses. Curiosamente, ao contrário de mim, é um poeta. Ladino como o quê, e poeta: nada mais oportuno, me dirias.
E tens razão.

Previsível, como sempre, mas este é diferente. Um felino africano, caro amigo, e branco, um rapaz assim sui generis.
Ah, latim!, sempre adorei, mas te aborreço com esses mimos, aposto. Esqueça-me, quero é que o conheça. Não por aprova-lo, apenas por sabor. Sim, desejo que o saboreies comigo, e não me entenda mal. Não desejo dividi-lo, e sim multiplica-lo.

Espero muitíssimo que sinta meu entusiasmo no cartão, que o vejo até como um postal, vez que desejaria mostra-lo a ti. Por ora fica com os desejos, num depois assim brevíssimo quem sabe nos mostremos.

Uma outra novidade é musical, acredita que o chegado é muito ao jazz? Musical como ele só, inclusive no dormir. Nada ironia de minha parte, de fato ele é sonoro lindamente, em sono e alerta, ele me encanta.

Do amor, tu me dirias,
E tens razão.