21.1.08

És um louco, meu amigo, sempre foste. É que não te lembras nunca das esquinas passadas, e nem precisas que fique eu a remoer lembrança antiga daquelas que, esforçando, decerto lembras. O caso é que tens que parar com isso, Álvaro: já é tempo. Disseste-me observar as vagas, trate então de aprender com elas. Acaso esqueceste nosso tempo de escola? Todos aqueles devaneios de futuro e as leituras de um Hesse, um Pessoa, um José, nós sempre a tentar-nos fortes, e agora de novo inventas como tivesses 15 anos.
Coragem, homem! A vida não é só isso e nem pode sê-lo. Levanta esse corpo e sai dessas mesmas paragens. Se não te bastam as vagas, vai ao Tejo, muda os ares, vem ter comigo em nossa casa, Marta ficará feliz em te rever. Lembro-te que tua afilhada já fez 2 anos e não vieste à festa da pequena, que ficou muito sentida. Cecília te adora e manda abraços.
Presta bastante atenção, amigo: ou tu paras de nonas sinfonias ou viras um ébrio de uma vez por todas. Essa criatura, se é que existe e não é outra de tuas fantasias, não merece esse teu esmorecer.
Faz ouvir a voz da prudência é recomeça-te os caminhos diários, sem passar pelas ruas escusas, faz isso, Álvaro.

Forte abraço,

João.



- ouvindo: O silêncio das estrelas, Lenine.

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