Andei milhões de anos com esse desespero no peito, as frases tatuadas e impossíveis de dizer – não me deixaram. Quando eu disse, foi tão baixo, mas tão baixo, que nem eu pude escutar.
Acostumei com meus grafites internos, no colorido mais complicado que consegui arranjar. Fui e continuo sendo um complexo de arranjos desarrumados, uma agonia por trilhar caminhos de poder andar – mas quem é que pode? Andar no mar, meu amigo, é para poucos.
A doce ilusão de poder ir para todo lugar. Acalentei-me com o desejo da viagem, o riso louco da alegria, os passos-asas por aí. E fui, por muito tempo, um andarilho de lugar nenhum. Pisei por tantas terras que já nem sei nomear. Quero voltar, quero ficar. Quero ir, quero acolá – mas já nem quero.
Uma comédia de ontens e amanhãs, um monólogo compartilhado, um poema entrincheirado: eu sou e somos por aí.
Eu somos tantos, nós que sou eu, essa confusão nunca respondida, correspondida, que ainda desanda. Um desarranjo, um desespero, uma loucura.
Então é hora: voltar andar? Voltar voar?
Mais uma vez, andar no mar, cair nas ondas, nadar no ar.
22.3.19
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