- Olhe em volta.
Ele o diz, e não é um sonho só. Sonho que se sonha só, eu sei, é sonho,mas o sonho junto... já nem sei.
- Olhe em volta, ele continua.
E o que ele quis dizer, perfeitamente, eu o sabia, mas não ia dizer, deixei-o a falar. e falar e falar. Sobre o desespero do mundo, o agônico do homem, a cultura quase perdida,os problemas sociais: tudo isso, menina, é apenas a ponta.Ele falava como quem não dá fim. Nem as palavras nem a si, tudo fica suspenso, menina,veja você que o mundo, ah, o mundo, "o mundo não vale o mundo, meu bem".Saberia ele estar a citar Drummond? Falava muito dos alemães.
O que eu sabia, devo dizer, é que por isso senti eu também saber, mas já não mais do mesmo jeito.Aquela inquietude a sobrevir da calmaria, quem já não havia, por segundos,angustiado a vida inteira?Nietzche tem lá sua razão, Thomas Mann também, e sobretudo Hermann Hesse, mas eu ainda fico com o Drummond e o velho estar-no-mundo.
O que dói, meu amigo, é o estar-no-mundo.E aquela coerência de que eu te falava, e tu me dizias um conceito outro a dizer a mesma coisa,é isso que eu vejo olhando em volta, a exata falta dela.
Dói quem não tem sequer a coerência. Não sei se aos 19 te posso dizer que essa é a necessidade básica, mas te digo com tranquilidade que nunca vi ninguém estarem paz sem ter aquela. A bendita (ou maldita, tu bem falas) coerência.
Dou-te apenas um outro conselho ao vento, muito embora saibas que não virás por cáa ler-me: as teorias, meu amigo, de nada valem sem a prática. Não é preciso ler Kant pra saber. ;)
1.6.07
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4 comentários:
Menina, vc escreve muito bem!!! Estou impressionado...
Se não se importa (e creio que não) voltarei para ler mais.
Não nos conhecemos, sou amigo da Ana Paula de Brasilia e entrei aqui bem "por acaso" (se é que o acaso existe...).
Beijo e uma ótima semana!
não é preciso mesmo!
gostei do texto ^^
e, respondendo ao seu comentário no meu blog tempos atrás, eu sou de Fortaleza sim ^^
o que te fez perceber isso?
...
-Ou às vezes nada, nem se quer ler, escutar... mas sempre ver.
...
-E ah, certa vez me disseram que se gostaria de escrever um conto, sobre uma história duas vidas...
Esquecido? Lembrado? Redundante?Vago? ou IN-coerente?
Ah, bebamos aquele café programado pela Fada.
se esconde na Fantasia...divido contigo a morada
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