17.9.08

6 ou 7.



Eles brincam na rua, assim como fosse domingo, apesar de que era mesmo. Mas, quando se tem 6 anos, que diferença faz: toujours est dimanche.
E era só mais um domingo, ou parecia, mas de fato não seria, se prestassem bem atenção.
Era aquele dia em que João faz 7 anos, e Luísa dança pela rua. Por que dança já nem sabe, nem tem por que saber, dança porque tem vontade e pronto.

É assim bem danadinha, fazendo caras e bocas, poses e Poses, ao mesmo tempo querendo ser moça e criança, naquela dança que só se entende quando se é pequeno.
"Mas e se eu quiser ser pequeno sempre?", João pergunta, e Luísa dança. Tem essa mania de ficar dançando quando a gente pergunta as coisas, e rindo.
Tempos depois da pergunta, como se nada tivesse acontecido, lança uma resposta maluca, e João nem entende mais, mas não pergunta - ela já dança de novo.

Credo, não pára de dançar.
Os vizinhos se divertem, os passantes sorriem, e eles continuam naquela brincadeira nada imaginária, aquele diálogo de gestos. Uns gestos tão aparentemente desencontrados, mas que sabem exatamente o que querem dizer.

"Ei, vamo comer o bolo? Tá na hora do bolo, não tá?"
"Que bolo, menino, você sempre troca as horas, agora é hora de brincar. O bolo é só mais tarde..."
"E quando é a hora do bolo?"
"Quando você fizer 7 anos"
"ué, e não fiz agora?"
"Bom, o bolo é seu, então vá lá"


"Ô Mãe, não tá na hora do bolo?"

3 comentários:

Anônimo disse...

tá na hora do bolo sim...
;)

Thalita Castello Branco Fontenele disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Cecília disse...

Vim do blog de Thalita e gostei muito de passar por aqui. Linda cena, lindo texto.