3.1.07

Da leveza.

música: Disritmia.



Não haverá um equívoco em tudo isso?
O que será em verdade transparência
Se a matéria que vê, é opacidade?

Nesta manhã sou e não sou minha paisagem
Terra e claridade se confundem
E o que me vê
Não sabe de si mesmo a sua imagem.

E me sabendo quilha castigada de partidas
Não quis meu canto em leveza e brando
Mas para o vosso ouvido o verso breve
Persistirá cantando.
Leve, é o que diz a boca diminuta e douta.
(cantar e leveza, agora me diz se ela não me traduz)

Serão leves as límpidas paredes
Onde descansareis vosso caminho?
Terra, tua leveza em minha mão.
Um aroma te suspende e vens a mim
Numas manhãs à procura de águas.
E ainda revestida de vaidades, te sei.
Eu mesma, sendo argila escolhida
Revesti de sombra a minha verdade.
(bem verdade)


[Passeio, da Hilda]

3 comentários:

Anônimo disse...

Leveza

Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.

E a cascata aérea
de sua garaganta,
mais leve.

E o que se lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.

E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.


Cecília Meireles

Anônimo disse...

LEVEZA


De tanto o Mar me levar
e me trazer de volta,
adquiri qualidade de espuma


Marisa Machado

Glauco Vieira disse...

leveza é o que nos apetece a alma. a hilda deixa o "leve" ser entreposto da transparência/opacidade. isto é perceber a suavidade do gesto que pode ser um ícone ou um índice. leveza-icônica/leveza-indexada, dá no mesmo, até o mais veemente materialista diria "o que é sólido desmancha no ar".