1.5.12

as várias vitórias - em 26.04.2012

É o nome dela, vitória. Na verdade, são várias outras – todas elas juntas num só ser: é assim que ela se conta. Mas, parando pra pensar, realmente são outras: na casa são quatro vitórias, e ela ainda anda com elas na mão. Ela gosta de carregar vitórias, sem nem parar pra pensar nos significados imbricados, somados, entrelaçados – tudo que está envolto nessa ideia dela com vitórias na mão. Um milhão de tessituras... um milhão de curvas, de esquinas, de paredes onde se esconder. De brincadeiras, de contratempos, de passatempos – e de biscoito! Ela é criança, é tão menina, mas tão intensa, tão, mas tão viva.

A menina vai saracoteando por todos os espaços que encontra. Os silêncios que ela acha vai preenchendo, do jeito que arranja, do jeito que dá. É uma graça que ela acha em qualquer coisa, mas não ingênua: que bobagem pensar isso. Ela tem, não esqueçamos, quatro vitórias na mão. E quanta gente anda no mundo com suas bagagens cheias de orgulhos, prêmios, memórias, medalhas, e, no entanto... Do que realmente se orgulhar?

Ela não está, nesse exato momento, pensando em nada disso. E mesmo assim vai, com suas quatro vitórias na mão. Agora, com dois chocolates no bolso, que não é besta nem nada – mas aprendeu, anteontem, que é melhor ter um pássaro na mão que dois voando. Discordou, mas aprendeu. E continua mantendo seus dois pássaros voando e suas quatro vitórias na mão.

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