17.11.06

body and soul, em crônica :)

O Bandeira me dizia que os corpos se entendem; mas as almas, não. O Bird me diz que corpo e alma são a mesma coisa. E existe uma pessoa, pessoa minha e de dentro, que nega todas essas verdades e afirma todas mentiras, verdade é apenas aquela que ele repete: escreve como quem passa.

Passam também os corpos, passam também as almas? Iguaizinhas às paisagens, imitando os quadros, porque a alma mesma não passa de uma paisagem? Uma passagem. Uma passagem com eternices, mas não eterna. Um corpo com humanices, mas não humano. Ah, as humanices!

Que saudade de quem me disse. E não tinha sido eu mesma? Talvez. Num corpo outro. Alma outra? Mas são só passagens, senhor, paisagens de mim. Vou discordar, Bandeira amigo, por mais que eu seja estandarte: também se entendem as almas. E quando forem de si entendidas, não vai ser preciso nada, nem a literatura. E é justamente aí que ela vai sobrar: quando não for mais precisa.

As imprecisões quase sempre são mais bonitas. Delimitar é entender, mas perder uma parte do sentir, a parte em que o deixa livre. Compreende, senhor? Divago porque só sei assim, correr me estorva. Toda conceituação vai ser prisão do sentir. Toda perfeição vai ser a morte da vida. Pra que querer ser perfeito, se vai ser o final último, sem mais gradação nenhuma? Teremos morrido quando formos perfeitos, e não é um discurso de recalque.

Você acha? Não vou viajar, senhor, vou ouvir minha música. E ficar pensando se são bandeiras, se são asas, se são pessoas isso que eu vejo voando por aí. Mas, por favor, por favor, e por favor outra vez ainda, não me tire a minha música.

2 comentários:

adim disse...

Não porque necessariamente concorde, mas sim por ser uma letra interessante e ter a ver com seu texto... :O)

"Sempre que te vejo assim
linda nua e um pouco nervosa
minha velha alma
cria alma nova
quer voar pela boca
quer sair por aí

e eu digo
calma alma minha
calminha
ainda não é hora de partir

então ficamos
minha alma e eu
olhando o corpo teu
sem entender
como é que a alma entra nessa história
afinal o amor é tão carnal
eu bem que tento
tento entender
mas a minha alma não quer nem saber
só quer entrar em você
como tantas vezes já me viu fazer

e eu digo
calma alma minha
calminha
você tem muito o que aprender"

(Alma nova - Zeca Baleiro e Fernando Abreu)

Abração

Anônimo disse...

A alma humana não é eterna, mas é de eternices, gostei, belo, bom e verdadeiro!