2.11.06

Instante.

(tocando Love Ridden)


Era pouco mais que muito cedo, o sol ainda baixo e o mar bem calmo, quando ela acordou e viu, no canto esquerdo do espelho, o bilhete de todos os dias. Ele, sempre ao sair, deixava qualquer coisa de palavra ou de saudade num dos cantos do quarto. Ela, levantando, passava sempre uns tantos minutos procurando, entre divertida e curiosa, por mais que passasse o tempo. E passava.
O bilhete de hoje dizia, simples, “encontre encantos nas esquinas”. Pois agora dera a ser poeta, e ela ria. Dobrava os lençóis pra descobrir entre eles uns vestígios de palavras, uns pedaços de silêncios, arrumava a cama e depois se jogava. Fez um suco, tomou na varanda, leu uns livros de anteontem e esperou que o vento voltasse e, com ele, o seu encanto das esquinas, com o qual se encontrava todos os dias, bem na porta de casa.

Um comentário:

bruno reis disse...

interessante fazer uma narrativa mais convencional, em estrutura ao menos, mas acho ainda que nesse caso o texto não achou muito bem o tom entre poesia e prosa, creio que teria sido mais interessante deixá-lo todo com uma linguagem mais usual, conotativa, ou então equilibrar melhor as passagens poéticas, acho que acabou perdendo um tanto de efeito.