7.11.06

pra Lívia :)

[E vivera de vazios. Fizera-se repleta de ilusões, sonhos e lugares. Buscara sensações entre seus medos, devaneios. Lutara por sombras, caíra por falsas flores. Doera de amores e da falta deles, sangrara tanto por tentar, que agora morria respirando] > isso é por decidir.

Disseram-lhe para seguir. Tentaram manobrá-la. Cansara de ser tola, cansara de ser nada. Cansara do seu Tudo, e até da madrugada. Desistira de todos e de si, era só uma louca a vagar. Vagar por suas músicas. Por seus versos. Por seu sangue.
O parque da cidade não tem de dizer muita coisa. As pessoas do mundo não têm que dizer muita coisa. Talvez nem ela tenha de dizer coisa alguma, mas tantas vezes se sentira na obrigação de fazê-lo, que virara hábito.
Andar por aquelas ruas e não ver nada, atravessar aquele barulho e não ouvir nada, esbarrar nas pessoas e não sentir nada: habituara-se a “tudo” isso. Já entendera que quase ninguém se vira quando você está realmente sozinho e nada tem a oferecer. Quem iria ajudar sem que houvesse algo em troca?
E ninguém pense que ela não viveu. Que não sentiu. Que não sorriu ou nunca teve. Teve e talvez até ainda tenha. Não é fria, é quase justamente o contrário. Sente, sim. Chorou, sorriu, teve, caiu. Viveu, vive. Freqüentemente ainda chora. E sorri todos os dias. Muitas coisas fazem isso. Sorriso de felicidade? Não exatamente.
E ainda não consegue parar de procurar as pessoas, mesmo que saiba que elas irão embora. Mas todos não começam a ir embora no instante em que se conhecem?
O trajeto do parque, apesar de não ser sempre o mesmo, é uma idéia estática. Acostumou-se a pensar naquilo como algo funcional: passeia com o cachorro, faz uma caminhada breve, breve o bastante pra não se cansar e longa o bastante pra espantar os maus pensares.
No dia anterior, tinham-lhe dito que bastava. Que bastava de dor, que ele se bastava, que ela se bastaria. Você vai seguir, meu amor, vai conseguir, e, apesar de tudo, estarei sempre a seu lado, sempre, ouviu? Sempre. Palavras engraçadas as dele, claro, claro que ele realmente pensava que ela acreditaria. Claro! Tão bom ele, devia mesmo ser bom o suficiente pra pular o mar, ir além do barco e aquém do mar, grande amar que era esse.
Sente as pálpebras caindo, mas não em lágrimas, sente só o peso das pálpebras, melhor seria dizer sente o peso do piscar, como se as imagens pesassem. Muda uma, duas, três vezes de imagem, as cores mudaram, apesar de serem as mesmas. Nada daquele clichê dos filmes e oh meu Deus, tudo mudou, é muito simples, até. Tratou apenas de sentir as cores. Um turbilhão de emoções, uma sobre a outra, tom e sobretom.

Divaga, devagar e depois correndo. Corre até sem entender. Por que é mesmo que começou o passo rápido? Demora a perceber e ri quando vê que é porque Dodger conseguira soltar a coleira e ia a pulos muitos na direção da fonte. Olha o relógio e vê que perdeu as horas. Ou teria achado? Bobagem.

Luna e seu fiel cão atravessam ruas. E ela? Ela atravessa a si mesma.

Um comentário:

Anônimo disse...

ô, mas que honra.. meu preferido entre os preferidos